segunda-feira, 14 de julho de 2008

Domingo du bão

"Meus domingos não costumam ser lá muito interessantes " - era o que sempre eu dizia àqueles que me contavam suas histórias, feitos, planos ...
Em alguns momentos, eram agitados demais por conta da vida desregrada que eu vivia. Disso não sinto falta não. Bebedeiras que duravam mais do que meu horário de trabalho normal de um dia de semana. As companhias eram bem legais, mas boas mesmo não eram muito não ! Enfim, meus domingos variavam entre loucuras e sono de um dia todo.

Houve uma época em que os domingos nem eram muito diferenciados, pois eram uma continuação (mesmo!) do sábado. Partidas de voleibol de areia me animavam e me faziam esgotar todo e qualquer ânimo. Tudo isso era necessário, pois se me deixassem, eu ainda iria ligar pra alguém e tornar o sábado ainda mais longo !!!

Os domingos pós-acidente eram de uma tranquilidade muito estranha. Ver TV no domingo sempre me deixava ansioso. Preferia ficar dormindo ou senão ia na casa de um amigo ou outro pra bater papo e dar algumas risadas. Ríamos de coisas que passavam na TV (acompanhado, ver TV já não me aborrecia mais), de situações que tínhamos passado na semana, de pessoas que já eram motivo de riso pelas bobagens que SEMPRE faziam. Ríamos pelo fato de que assim que dormíssemos, ao acordar seria segunda. Amigos são bem importantes em momentos em que o riso não sai tão fácil assim.
Eu sempre pedia aos céus um domingo em que eu tivesse ânimo de fazer qualquer coisa. Que eu pudesse de alguma forma não me sentir mal pelo fato de apenas VER mais um dia passar. Eu realmente apenas deixava o domingo passar pois não ia muito com a cara dele ... algo como deixar alguém fedido, alguém com as chagas expostas passar na sua frente na rua.

...

Acordei com uma sensação muito boa. Um calor gostoso no corpo todo.
Tento me virar e não consigo. AH !!! vejo que não estou só. Ufa, ainda bem.
Olho no relógio do aparelho de som - 10:30. Penso em acordar, mas hoje é domingo.
Puxo o edredom mais pra perto do pescoço, me ajeito um pouco mais e me agarro ao que me esquenta o corpo de uma forma deliciosamente terna !
Paro e penso nos domingos que se foram. Nada de saudade.
Faço um afago no cabelo macio, no corpo quente ao meu lado. No relógio mais de meio dia. O calor contagia, deixa outras partes solidariamente aquecidas.

Quero isso pra mim, penso.

Mais três horas se passam e eu já nem penso mais em olhar para o aparelho de som. Seu relógio não me diz mais a hora certa. Ele me diz que naquele momento alí sou eu, completamente feliz. Feliz porque não era mais uma alma ao ermo. Feliz porque o domingo agora é meu amigo. Nada de mágoas, nem ressentimentos. O que passou me fez bem, pois agora eu quero nem-sei-quantos mil domingos como esse. Quero o calor do corpo teu ao meu lado. Quero o sossego da tua boca na minha. Quero viver cada domingo ao teu lado.

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